domingo, 11 de maio de 2008

jóias do Brasil: o coquinho da Bahia

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Dia desses participei da série de jantares promovida pela Carla Pernambuco, do Carlota, chamada Gastro-pop. Eles acontecem na última quinta-feira do mês, num agradável espaço que ela mantém em frente ao restaurante, o Studio 768. A turma fica concentrada na cozinha, acompanhando os passos do cozinheiro convidado e tomando um espumante para "iniciar os trabalhos", ou na salinha do andar de cima. Embaixo, uma grande mesa comunitária recebe a todos para o aguardado jantar. Participei da noite estrelada pelo Edinho Engel, dos restaurantes Manacá (em Camburi) e Amado (Salvador). Conheço-o há uns bons anos, entrevistei-o algumas vezes já, e nunca me esqueci de seu escandaloso bacalhau sobre purê de batatas e alho-poró - simples e absolutamente perfeito!

Nessa noite não foi diferente: um desfile de pratos bem apresentados, que sempre homenageiam os produtos da nossa terra. Enquanto o Alex Atala ainda pintava paredes, o Edinho, um mineiro de origem rural, já levava para o seu restaurante, de barco, ingredientes brasileiros difíceis de encontrar no litoral...

E, numa sobremesa, das mais simples, provei um sabor brasileiro que está entre os melhores dos últimos tempos: o do coquinho ouricuri. Ele veio à mesa em calda, simplesmente. Das melhores coisas da vida - um coquinho pequenino, menor que um grão-de-bico, de sabor delicado, fino, textura crocante, dos deuses. Corri atrás de informações.

O ouricuri é o nome popular de uma palmeira de cerca de 10 m de altura chamada Syagrus coronata. É, também, o nome de um município em Pernambuco. Do caule do ouricurizeiro é extraído um palmito, das sementes, um óleo; as folhas servem como cobertura e suas fibras são usadas na confecção de chapéus. Tem nomes populares diversos: é chamada alicuri, aricuí, aricuri, butiá, cabeçudo, dicuri, licuri, nicuri, oricuri, uricuri, uricuriba, urucuri, urucuriba... e por aí vai. Nativa do nordeste, é fonte alimentar importantíssima no sertão baiano na época da seca. Com o palmito se prepara o bró (de broca, numa menção ao orifício que se faz no caule do ouricurizeiro), e dos coquinhos, o caxixe, uma bebida que mistura o suco cozido do umbu e o leite do coco do ouricuri, pisado no pilão e acrescido de açúcar. Nas mãos de Edinho, transforma-se numa doce jóia do Brasil.

5 comentários:

Constance Escobar disse...

Já tinha lido sobre esses jantares especialíssimos promovidos pela Carla Pernambuco. Morro de vontade de ir, só que, morando no Rio fica meio difícil... Vi que os dos próximos meses serão com dois feras, o Marcos Sodré e a Ana Bueno. Com o Marcos Sodré cheguei a ter aulas no curso de gastronomia da Uni-Rio. O cara é absolutamente apaixonado pelo que faz e é de uma simplicidade admirável, totalmente sem pose.
Cris, aproveito minha visita aqui no seu blog pra te convidar pra uma visita no site sobre gastronomia que coloquei no ar mês passado:www.praquemquisermevisitar.com Se der, passa lá.
Abraço,
Constance.

Unknown disse...

valeu pela dica, Constance, vou dar uma passada no sie site, sim!
abraço

Wine Broker disse...

Olá você voltou!!!
Saudades!!

Boa dica.

Abraços

Rubén Duarte

Unknown disse...

obrigadaruben. é bom estar de volta!!!

abração

Marcia Pinchemel disse...

Cris,
Que saudades da minha infância... nunca mais vi oricuri. Vou pedir a mainha para trazer da Bahia minha terra um pouco para Pirenópolis e farei uma degustação, quem sabe com você à mesa. Sou apaixonada pelo seu blog.
Beijos e parabens pela matéria. Esta deve ser indedita por estas bandas não?