quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Um Pinot Noir "mais em conta"


Desde que chegaram ao Brasil, os vinhos da vinícola chilena Casa Marin são um sucesso. Provei alguns deles em 2006, no lançamento da importadora Vinea, responsável por trazê-los. Nesta segunda-feira, voltei a provar todos os vinhos elaborados pela vinícola, além de uma novidade.

Creio que todo mundo que decide se aventurar pelo mundo dos vinhos vai criando, ao longo do tempo, seu repertório de preferências (embora todos gostemos de vinho que é bom, "punto e basta"). Eu, por exemplo, saí dos Chardonnay repletos de barrica (minha porta de entrada nos vinhos brancos, depois dos vinhos de garrafa azul alemães), migrei para a Sauvignon Blanc, voltei para os Chardonnay sem barrica e, agora, procuro provar todas as uvas brancas específicas de um país (notadamente Portugal), e todos os Chablis, Champagnes, Crémants (espumantes franceses feitos fora da região de champagne) e Rieslings alemães que tenho oportunidade.

Também prefiro, hoje, tintos menos potentes, mais delicados. Tenho evitado as "bombas" de Malbec - embora existam vinhos incríveis com esta uva, feitos em altas altitudes na Argentina. É simplesmente uma questão de gosto, não de qualidade: aprecio a sensação de frescor na boca, prefiro não ter os dentes "tingidos", gosto do corpo mais leve... em outras palavras, adoro, por exemplo, tintos feitos com a delicada Pinot Noir.

Bom, e quem não gosta de um Borgonha? Mas não se tomam Borgonhas todos os dias - o jeito, então, é tirar proveito da Pinot Noir em outros lugares do planeta, com as diversas expressões de que ela é capaz. Obviamente, sou apenas uma iniciante neste mundo tão complexo que é o da PN, uva difícil de cultivar e que, segundo meu professor Mário Telles, é "o único varietal que consegue mais complexidade do que qualquer corte" (o corte de uvas é a opção frequentemente adotada para se fazer grandes vinhos).

Enfim, todo esse preâmbulo (ainda "piso em ovos" para escrever sobre vinhos) é para destacar a qualidade dos brancos e dos Pinot Noir da Casa Marin. A Pinot Noir, assim como as castas brancas, precisa de um clima mais frio para sua lenta e correta maturação. A Casa Marin tem vinhedos no Vale de San Antonio, uma região nova próxima à costa, onde estão sendo construídas as vinícolas mais modernas do Chile (esta foi fundada entre 2003 e 2004).

A região é banhada pelo Pacífico, e se beneficia da fria corrente de Humboldt — que refresca as plantas. O foco da vinícola (que está a apenas 4 km do mar) são, de fato, os brancos, que primam pelo frescor e que são constantemente agraciados - na degustação de segunda-feira, com a presença do enólogo Felipe Marin, destacou-se, por exemplo, o Sauvignon Blanc Cipreses (safra 2008, R$ 99), consagrado pelo guia chileno Descorchados (e pelo 8º ano consecutivo) o melhor Sauvignon Blanc do país.

Outra novidade (para mim) foi um Riesling (Casa Marin Riesling Miramar 2007, R$ 93), a grande uva da Alemanha e famosa entre os brancos por sua longevidade. A especialista britânica Jancis Robinson sublinha, em seu The Oxford Companion to Wine, que a Riesling é a variedade branca com maior capacidade de transmitir as características de um vinhedo sem perder seu "estilo inimitável" - que mescla fruta, flores, alta acidez e um caráter mineral marcante, além de notas de petróleo/querosene. A primeira colheita desta cepa foi em 2006.

Mas a vinda do enólogo ao Brasil foi para apresentar o novo Pinto Noir da casa, que ocupa a base da pirâmide dos vinhos elaborados com essa uva - premiadíssimos, como os complexos e intensos Lo Abarca (safra 2006) e Litoral (safra 2003), mas caros também (R$ 185). O novo rótulo é o Casa Marin PN Três Viñedos (safra 2009, R$ 69), um tinto fresco, frutado e limpo na boca, para ser bebido jovem. O valor é ainda um pouco acima do que eu considero um vinho para o dia-a-dia, mas a julgar pelos vinhos do Novo Mundo feitos com essa uva e que estão no mercado, a qualidade desde vale o preço. Ele é elaborado a partir de três parcelas diferentes, e apenas 30% passa por barricas de carvalho (de segundo uso, por 7 meses), o que lhe garante muita expressão da fruta. Vale experimentar.

Vinea (rua Manoel da Nóbrega, 1.014, Paraíso, São Paulo, 11/3059.5205)

6 comentários:

Anônimo disse...

Cris,
Também adoro Pinot Noir.
Valeu pela dica! Vou comprar!
um abraço,

Alessandro

Anônimo disse...

Valeu pela dica!
Agora...você experimentou o Las Perdices Reserva Pinot Noir?

Abraço,

Rubén

Unknown disse...

Ainda não experimentei, Rubén... Obrigada pela dica!
um abraço,

Rubens Ghidini disse...

Ó, adorei o seu blog! Muito legal mesmo. E sempre é difícil falar de vinhos, já que existem tantas pessoas (quer dizer, não muitas, mas que valem por elas...) especialistas no assunto (o Luiz Horta, por exemplo - tenho receio de escrever uma besteira e ele ler!). Cheguei aqui pesquisando sobre o Hervé This e vi o tal barreado. Muito legal! depois dê uma olhada no meu blog ( http://otaodovinho.blogspot.com ). Estou te seguindo no twitter também! Um grande abraço!

Rubens Ghidini disse...

Ah, também tomei a liberdade de adicionar seu endereço na minha lista de blogs parceiros!

Unknown disse...

oi rubens,
obrigada pela visita. vou curtir seu blog também!
abraço,