quarta-feira, 17 de março de 2010

Barista do Suplicy consagra-se campeã brasileira pela segunda vez



Na última quinta-feira, Yara Thais Castanho, do Suplicy Cafés Especiais, tornou-se bicampeã no 9º Campeonato Brasileiro de Barista. O evento, que aconteceu entre os dias 8 e 11 de março no Mercado Municipal de São Paulo, também consagrou outros campeões entre os profissionais do café. Felipe Oliveira, da Lucca Cafés Especiais, de Curitiba, venceu o 3º Campeonato Brasileiro de Latte Art, que elege os melhores profissionais no preparo de bebidas feitas com leite vaporizado sobre o espresso. Marco De la Roche (Drink Lab), campeão do ano passado e 7º lugar no último mundial, venceu o 3º Campeonato Brasileiro de Coffee in Good Spirits, em que são preparadas, em 8 minutos, duas bebidas com café e álcool (um irish coffee e uma bebida de assinatura) para 4 jurados.

Entre os dias 23 a 25 de junho, Yara disputará em Londres o World Barista Championship, a mais importante competição do mundo na categoria (Oliveira e De la Roche também disputam o mundial, em suas respectivas categorias). No campeonato mundial (assim como nas etapas nacionais), o barista tem 15 minutos para apresentar a 4 juízes sensoriais (e 2 juízes técnicos), 4 espressos, 4 cappuccinos e 4 bebidas de assinatura, que levam café mas não contêm álcool. A bicampeã voltou ao Brasil apenas para a competição - Yara atualmente faz estágio na cafeteria Estate Coffee, na Dinamarca, para onde retornou logo após a festa da consagração.

O vice-campeonato de Yara reflete a evolução porque passa o mercado de cafés especiais em uma de suas facetas-chave - a do serviço do café. Participo como juíza sensorial de campeonatos pelo Brasil desde 2005, e venho observando o caminho ascendente destes jovens e entusiasmados profissionais. A cada ano, a diferença de pontos entre os candidatos diminui - numa mostra clara da perseguição de todos por melhores notas, que nada mais são do que um aperfeiçoamento da técnica e do resultado final na xícara.

Neste ano, chamou a atenção, por exemplo, a consistência e o alto nível de treinamento dos baristas do Suplicy — que, além do primeiro lugar, conquistou a segunda e a terceira posições (com Bruno Ferreira Silva e Bruna Batista, na foto, respectivamente), entre os seis finalistas brasileiros. Um trabalho que vem sendo feito sistematicamente pelo proprietário da cafeteria, Marco Suplicy (Toda a última quinta-feira do mês, inclusive, a loja da Renato Paes de Barros promove uma competição de Latte Art, à qual atendem baristas de diferentes cafeterias, num verdadeiro estímulo à troca de ideias e de companheirismo entre esses profissionais).


Outra cafeteria que vem se sobressaindo é a Lucca Cafés Especiais, de Curitiba. dois de seus baristas ficaram entre os finalistas da competição (outro de seus representantes, Otávio Linhares, foi campeão em 2006), mas quem se destacou este ano foi Carolina Franco de Souza, filha da proprietária, Georgia Franco. Carolina, de apenas 18 anos, venceu a prova de Cup Tasters (provadores de café) com 100% de acerto e derrotou outros 18 competidores. Carolina também segue para Londres, para participar do 7th World Cup Tasting Championship.

Outra surpresa foi a conexão dos baristas com as tendências do momento, e a melhora visível nos drinques de assinatura (que costumavam errar feio nos quesitos criatividade e sabor). De la Roche, por exemplo, utilizou um método relativamente novo de preparo de café — a Aeropress — e fez com ela uma "extração composta", extraindo café e camomila ao mesmo tempo, produzindo um drinque gelado (com mel de camomila, rum e casca de tangerina) prá lá de bacana e saboroso.

Marco de la Roche

Cafés especialíssimos, tecnicamente conhecidos como microlotes, foram muito bem explorados pelos competidores. É o caso do Chapadão de Ferro, um café produzido em região vulcânica no Cerrado Mineiro, do qual Yara conseguiu extrair as prometidas notas de frutas vermelhas e uma brilhante acidez.

Ganhar um campeonato brasileiro e ter a chance de competir lá fora pode mudar para sempre a vida destes jovens. O contato com profissionais de países tradicionalmente mais comprometidos com cafés de qualidade, como Dinamarca e Japão, por exemplo, faz com que percorram uma trilha rumo ao conhecimento que não permite mais volta. Lá fora, baristas campeões mundiais tornam-se quase celebridades - um status similar, no mundo do café, ao dos chefs estrelados.

2 comentários:

Anônimo disse...

Cris,
Muito bacana ler teus comentários.
Parabéns pelo Blog!
Marco Suplicy

Unknown disse...

Oi, Marco.
Obrigada. Os comentários nada mais são do que um justo retrato da realidade!

abraço