sexta-feira, 31 de julho de 2009

As Descorchadas


Roberto Gerosa publicou anteontem no seu blog um post sobre confrarias de vinho. Há tempos que venho querendo postar algo sobre a minha confraria, fundada numa prova informal de alguns vinhos brasileiros para o Basilico, em casa, com a Bia Marques, que trabalhava comigo no site. Em uma semana, em junho de 2006, reunimos um grupo de 8 mulheres (basicamente o mesmo, até agora), que ganharam o nome de Descorchadas. Não somos do calibre do Chevaliers du Tastevin, nem temos integrantes famosos como na confraria do Periquita como exemplifica Gerosa, mas as pessoas que ouvem falar da confraria bem que se interessam em tirar uma lasquinha. Somos quase todas jornalistas (com exceção da nossa especialista em cafés), e o maior luxo a que nos demos até hoje foi um encontro em Paraty - regado a ótima comida no restaurante Margarida e com direito a passeio de veleiro. No mais, nos encontramos em casa em vez de restaurantes, cozinhamos "quase" sempre e temos a cada sessão um convidado de honra - como o especialista em vinhos da Folha, meu "mestre" Jorge Carrara, que já participou de uma das nossas noitadas.

Nossa confraria é bem pé-no-chão - optamos por uma linha custo-benefício, e por temas ainda bastante amplos, como uvas de um determinado país. Não usamos fichas para atribuir notas aos rótulos, apenas provamos (às cegas), fazemos nossos comentários "de nariz e de boca", tomamos nossas anotações e elegemos o melhor da noite. E nem sempre conseguimos ser sistemáticas e nos encontrar todos os meses — com um bando de jornalistas em fechamento, era meio previsível. Mas são noites imperdíveis, podem acreditar. A última foi até bem chique, com vinhos feitos majoritariamente com a uva merlot pelo mundo. Estavam na roda o brasileiro Desejo 2005, o argentino Pulenta State Merlot 2006, um Bordeaux (claro), o Château Malmaison Barone Nadine Rothschild (80% merlot, 20% cabernet, R$ 142 na Zahil) e o italiano Planeta 2005 (95% merlot e 5% petit verdot), 90 pontos na WS (abraviação dos iniciados para a Wine Spectator).

Para abrir os trabalhos, uma deliciosa champagne Piper Heidsieck. E um cardápio caprichado para depois da prova (ainda não nos preocupamos muito com harmonização, ok?): bifun com pato desfiado, salada de folhas verdes e, de sobremesa, diversos brigadeiros da Maria Brigadeiro. Tudo de bom!


(Cinco de nós - não tenho uma foto com todas, unfortunately - na época do lançamento do meu livro. Foto de profissional, claro)


E a sobremesa do último encontro!

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Para degustar, na KitchenAid

A Escola São Paulo vem investindo no ramo da gastronomia. Com ênfase na área de cultura contemporânea, ela já promoveu uma porção de aulas de vinho com o sommelier Manoel Beato. Agora ela lança um ciclo de palestras na recém-inaugurada loja da Kitchen Aid, a primeira no Brasil. Vale a pena divulgar as aulas e a loja, que visitei logo na sua abertura.

Quanto às aulas: elas começam no dia 28/7, como o editor André Boccato (Regiões da Itália: Histórias em Pasta e Vinho), aula que continua no dia 30/7; nos dias 1 e 3/9, o professor da Anhembi Morumbi Ricardo Maranhão comenta os Sabores do Renascimento; dias 15 e 17/9 é a vez do crítico Josimar Melo (que anda na TV com seu programa O guia, no National Geografic Channel, aos domingos à noite), falando sobre o vinho e a cultura francesa; em outubro (dia 8), a ótima Paola Carosella dá uma aula sobre cozinha contemporânea (para quem ainda não conhece seu restaurante, o Arturito... please!), e no dia 27/10, Andrea Kaufmann, do AK Delicatessen (SP), ensina a preparar pratos judaicos mais modernos. As aulas acontecem a partir das 20h, com valores que começam em R$ 120 (todas incluem algum tipo de degustação no final).



Quanto à loja: bem, se eu disser que ela tem 350 m2 e está na alameda Gabriel Monteiro da Silva, já está quase tudo dito: chiquérrima, ampla etc., etc. Mais do que as linhas de panelas (que, infelizmente para os pobres mortais, são vendidas em conjunto), ela se destaca pelos pelos equipamentos - majoritariamente em inox e para embutir, como o forno com opção de vapor, maravilhoso. Bem, e pelo preço: uma cozinha completa, com 6 eletrodomésticos, custa R$ 50 mil (o forno em questão custa R$ 11.900). Pois é. Meu objeto do desejo (digamos, por enquanto) é um mixer, que custa "apenas" R$ 490. E que vem com batedor de claras - bom, como eles têm aquela maravilhosa batedeira, que fez meu pudim de leite ficar irresistível, não duvido que a do mixer quebre bem o galho...


Uma das cozinhas foi pensada, justamente, para acomodar eventos diversos, como as aulas da Escola São Paulo. Ah, e ela tem um jardim nos fundos muito charmoso.

Informações e inscrições na Escola São Paulo, pelo tel. 11/3081.0364.
KitchenAid (al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.241, Jardim Europa, 11/3081.6105)

domingo, 19 de julho de 2009

Chefs mexicanos vem ao Brasil


O Obá prepara, a partir do dia 23 de julho, mais um dos seus já aguardados festivais gastronômicos. Foi num deles, aliás, que experimentei pela primeira vez a comida da mexicana Lourdes Hernández-Fuentes. Desta vez, as estrelas são os também mexicanos Benito Molina e Solange Muris, que até o dia 2 de agosto participam da Semana del Tequila y Gastronomia de Cantina Mexicana.

A dupla, que mantém o restaurante Manzanilla, na cidade de Ensenada, ao norte do país, pertence à nova leva de chefs que vem procurando renovar a cozinha do país (alguns o fazem com bastante sucesso, como tive a oportunidade de comprovar em minha viagem ao México no início do ano. Um deles merecerá, oportunamente, um post à parte). Quanto à cantina mexicana, ela nada mais é do que um bar simples, que serve porções e algumas comidas tradicionais regados ao bom tequila.

A dupla chega nesta segunda, dia 20. Lá, costumam usar ingredientes regionais muito frescos, como os diversos chiles, a baunilha mexicana e os moles (salsas complexas, com uma infinidade de ingredientes, cores e texturas, desde a época pré-hispânica), que desembarcam por aqui. O cardápio, me explica Delgado, ainda é surpresa. "Como eles trabalham produtos muito frescos, mandei vir ostras, mexilhões e vôngoles de Santa Catarina. Depois, vamos ao Mercadão e ao Ceasa, para que eles decidam o que comprar", conta ele. Serão 15 antojitos (pequenos bocados, geralmente com a base feita de tortilla) e 3 sobremesas ao longo do festival, servidos no almoço e no jantar (a R$ 145, com direito a 4 tipos de tequila e margaritas). O jantar-degustação do dia 28, pelo mesmo preço, pode ainda reservar mais surpresas.

Tacos dourados de frango

Os antojitos são parceiros ideais para a degustação do tequila. Ah, e por falar em tequila, serão apresentados 19 rótulos – a maior diversidade que se pode encontrar na cidade. Desses 19 (ao contrário da precariedade da nossa legislação com relação à cachaça, o tequila tem denominação de origem controlada), 14 são 100% feitos de agave, a melhor categoria existente. Pois só são considerados tequila os destilados de agave azul Weber (nome do botânico alemão que os classificou), plantado em apenas 5 estados mexicanos. Os tequilas mais comuns (praticamente os únicos consumidos pelos brasileiros) tem em sua composição, no mínimo, 51% de agave azul. Os 100% agave, mais sofisticados e bem cuidados, dividem-se em cinco classes, definidas a partir das características que adquirem após a destilação: blanco, joven ou oro, reposado, añejo e extra-añejo.

Tostadas de cochinita pibil

Alguns exemplares da bebida vão parar nas deliciosas margaritas, como as de tamarindo e melancia. E tem mais: aqueles que participarem do festival concorrem a duas passagens para o México.

Aproveito para dar aqui uma receitinha de um drinque ótimo feito com tequila:

2 partes de tequila
1/2 parte de agave néctar*
1 parte de suco de limão
1 parte de água gelada

Bata tudo numa coqueteleira e sirva em copo com gelo. Você pode colocar suco de limão e sal na borda do copo (eu prefiro sem).

* o néctar ou xarope de agave é feito a partir do suco extraído da piña (o coração) de algumas espécies de agave, que depois é filtrado e aquecido. Depois, ele é concetrando e ganha uma consistência um pouco mais rala que a do mel, e sabor delicado e um pouco mais doce. Creio que é difícil de se encontrar por aqui, então, substitua-o por mel.


Obá restaurante (rua Dr. Melo Alves, 205, Jardins, São Paulo, 3086.4774)

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Photofood - Quentin Bacon





Por uma sexta-feira deliciosa!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Comida nos ares



Comemos há milhares de pés do chão. Bem, não é nenhum restaurante numa charmosa montanha nas serras brasileiras. Eu e mais quatro queridos blogueiros (Marcelo Katsuki, Roberta Malta, Alessandra Blanco e Diogo Carvalho, do divertido Destemperados) fomos experimentar, numa manhã fria de sábado, o novo cardápio de comidinhas da Gol a convite da empresa. Sanduíches, para ser mais precisa. Além do serviço de bordo padrão, a empresa aérea decidiu incluir produtos para serem comprados na aeronave.

Dinheirinho na mão, fomos testar o novo serviço, disponibilizado inicialmente nos vôos domésticos saindo de Guarulhos (SP) rumo a Belém, Fortaleza, Porto Alegre (para onde embarcamos), Recife e Salvador. O serviço, que inclui quatro tipos de sanduíches, cerveja, vinho, batatinhas fritas, café e sucos não visa baratear os custos da passagem (como fazem companhias aéreas estrangeiras), mas concorrer com os snacks dos aeroportos - que, diga-se de passagem, sempre deixaram a desejar.

O serviço é educado e cuidadoso - quem mexe com a comida não toca na grana, e vice-versa. Paga-se com dinheiro ou cartão, com nota fiscal ao término da viagem. Dos sanduíches escolhidos pelo trio feminino dos blogueiros, sentado lado a lado, saiu-se melhor o kids (sanduíche no pão-de-forma branco grelhado, queijo cremoso, presunto e queijo prato). Eles vêm numa caixinha, mas não são aquecidos: vem naquela temperatura de bordo, um pouco mais que fria. Mais pão do que recheio foi o meu veredicto para o bem apresentado caprese (pão trançado e macio, mussarela de búfala, fatias de tomate, azeite de oliva e manjericão, cuidadosamente arranjados), e o peito de peru defumado é o que distingue o sanduíche saudável, cuja avaliação ficou a cargo da Roberta.

Para acompanhar, a carta anuncia "um vinho tinto importado": uma garrafinha de Leon de Tarapacá Cabernet Sauvignon, de 187 ml (o que evita qualquer oxidação). Se o preço de tudo (R$ 10 para os sanduíches, R$ 15 para o vinho) não vai assustar quem deixa as verdinhas nos aeroportos, algumas soluções mais "econômicas" do serviço, como os combos, ficam meio sem sentido, uma vez que a bebida, inclusa, é oferecida de graça no serviço padrão de bordo. De maneira geral (e com alguns ajustes), o serviço funciona, mas o café, um robusta solúvel (a incríveis R$ 3!), na minha opinião, deveria sumir do mapa. Mas acho que nossa visita foi boa: esse último aspecto vai ser reconsiderado. Quem sabe um liofilizado, heim? (Novamente sugiro que vejam as fotos nos blogs participantes. São sempre melhores que as minhas!)

domingo, 5 de julho de 2009

Olha a foto!


Isso é que é ousadia (em capa de revistas e páginas internas)!

Ensaio fotográfico na revista Gastronomica deste trimestre

Capa da revista Fork nº6

sábado, 4 de julho de 2009

Para encarar o frio de leve



Outro dia, recebi da chef Cris Maccarone, da escola de cozinha Madame Aubergine, uma receita gostosa para o inverno: frutas assadas. No seu email, ela diz: "Pensei numa receitinha bacana, fácil e muito gostosa para o seu blog. É um jeito saboroso de comer frutas nesses dias mais frios. Espero que você goste". Cris, eu adorei, e saiba que é a primeira receitinha que me enviam, assim, especialmente para publicar no blog. Obrigada!

Frutas assadas com mel e alecrim

Ingredientes

200 ml de mel
6 ramos de alecrim
3 figos cortados ao meio
8 morangos
1 maçã cortada em 4 pedaços
1 pera cortada em 4 pedaços
2 ameixas cortadas ao meio

Preparo

Coloque o mel e as folhinhas do alecrim em um recipiente que possa ir ao fogo em banho-maria. Deixe em fogo baixo, fazendo a infusão por, mais ou menos, meia hora, ou até o mel estar aromatizado.

Coloque as frutas em assadeiras separadas, regue um pouco do mel de alecrim, cubra com papel alumínio e leve ao forno preaquecido (180ºC) até que as frutas estejam macias, porém firmes. Sirva morna ou fria.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Mais estantes e panelas



No dia 13/7, vai acontecer mais um encontro Entre Estantes e Panelas, às 18h, no Teatro Eva Herz da Livraria Cultura (Conjunto Nacional). O tema deste segundo encontro é Ingredientes e Territórios. Os convidados, mediados pela Betty Kövesi, da Escola Wilma Kövesi de Cozinha, serão as chefs Ana Luiza Trajano (Brasil a Gosto, SP) e Roberta Sudbrack (do restaurante de mesmo nome, no Rio), a nutricionista e blogueira Neide Rigo e Roberto Smerardi, jornalista e diretor da Ong Amigos da Terra - Amazônia Brasileira. É de grátis!

Comida de rua com diploma?


The NY Times
Se não tivesse letrinhas em inglês, o desenho bem que poderia ser dos nossos ambulantes... Mas são street vendors novaiorquinos, com ônibus superincrementados que carregam a comida em lugar de peruas, diploma guardado debaixo do banco do motorista e vendendo de sorvetes artesanais de chá Earl Grey a tacos vegetarianos, e com fiéis seguidores no Facebook e no Twitter. Hello, Brazil!

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Payard fecha as portas (por enquanto)



Depois de funcionar por 12 anos na Lexington Avenue, em Nova York, o badalado restaurante do chef francês François Payard acaba de fechar as portas. A notícia foi divulgada há 2 dias no site da "New York Magazine", seguida de uma nota nesta quarta-feira no "The New York Times".

O motivo já vinha sendo comentado na mídia norte-americana há algumas semanas: seu locador, Stephen Kirschenbaum, havia pedido um aumento de 62% no aluguel do espaço onde fica o Payard Pâtisserie e Bistro, o que alcançaria 60 mil dólares por mês. “O máximo de aumento que eu poderia aguentar nesta economia é de 20%", disse Payard ao site Crain's, no dia 27 de maio. As notícias também davam conta de que Payard já comunicara ao Departamento do Trabalho de Nova York sua intenção de fechar o bistrô em agosto. Por conta da crise, em janeiro, Payard começara a abrir a casa aos domingos pela primeira vez. Alexandra Payard, ex-mulher do chef, continuará a operar seu catering, o Tastings, e, segundo o referido site, irá contratar parte dos 74 funcionários do premiado bistrô do Upper East Side.

Payard, que deixou Paris em 1991 para tornar-se confeiteiro do estrelado Le Bernardin de NY, espera reabrir o restaurante em outro lugar da cidade. Nesse meio tempo, continuará a operar a fábrica de chocolates em Dumbo, no Brooklyn, e as filiais de Las Vegas, Japão e Coreia.

Ainda de acordo com o Crain's, Payard não é o único a deixar de pagar o aluguel do prédio (desde dezembro, segundo Kirschenbaum, que diz ainda que o chef havia pedido isenção do aluguel durante o outono). O edifício da Lexington Avenue abriga também um príncipe da Turquia, que mora no terceiro andar, não paga o aluguel (de apenas 357 dólares) há 4 anos e, desde 2006, está em litígio com o locatário.